Os conversores de áudio (AD/DA) são uma peça-chave em qualquer cadeia de recording: transformam sinais analógicos em dados digitais — e vice-versa. Aqui explicamos as diferenças entre conversores, Audio Interface e preamps, e quais os números e especificações que realmente contam na prática.
Estes três tipos de equipamento são blocos da cadeia de sinal e, na maioria dos casos, vêm integrados num só aparelho: a Audio Interface. Audio Interfaces de marcas premium como RME, Apogee, Lynx, Antelope ou Universal Audio costumam cumprir exigências profissionais em conversão AD/DA e pré-amplificação. E mesmo em interfaces mais acessíveis, a qualidade atual é muito superior ao que era comum há 10–15 anos.
Em setups complexos e/ou particularmente exigentes (“audiofilia”), pode fazer sentido optar por aparelhos separados. A Audio Interface liga ao computador, o conversor faz a ponte entre analógico e digital e o pré-amplificador trata de elevar sinais de microfone, por exemplo. Um motivo frequente para conversores AD/DA dedicados é o número de canais: mais de 8 entradas em soluções tudo-em-um é menos comum. Dá para expandir via ADAT, mas para arquiteturas maiores, normalmente entram em cena sistemas dedicados.
Na maioria dos fabricantes, para muitos canais vais precisar de equipamento adicional além da tua Audio Interface. Outra vantagem dos conversores separados é a flexibilidade de posicionamento: podes colocá-los mais perto da sala de captação, reduzindo o trajeto analógico (mais sensível) ao mínimo.
Para digitalizar um sinal analógico, precisas de um conversor. Normalmente isto está integrado numa Audio Interface e passa despercebido — apesar de ser um passo decisivo na cadeia. Hoje em dia, os conversores AD/DA utilizados por marcas conhecidas, mesmo em gamas acessíveis, são muito competentes. Em produções high-end, conversores inferiores (em equipamento antigo ou muito barato) ainda podem tornar-se um gargalo.
Também existem conversores simples e económicos (analógico ↔ digital) para tarefas específicas, por exemplo converter um sinal RCA para S/PDIF ótico ou coaxial — da consola ou receiver para a TV. São compactos, fazem uma função e podem oferecer melhor qualidade do que os conversores integrados em muitos aparelhos de consumo.
Antes de um sinal analógico se tornar uma sequência digital de zeros e uns, precisa de cumprir alguns requisitos. Primeiro, é gerado o nível necessário para o chip. Depois, é filtrado tudo o que está fora da banda útil (anti-aliasing). Estes blocos totalmente analógicos influenciam bastante o som e são desenhados com grande cuidado por fabricantes de referência.
O chip em si é apenas uma parte: existem poucos fabricantes de chips (por ex., Burr Brown, ESS, AKM, Cirrus Logic) e chips semelhantes podem aparecer em produtos de preços muito diferentes. A diferença costuma estar na implementação: fonte de alimentação, routing interno e, sobretudo, um clock estável. E claro, a preparação analógica tem de ser excelente para que o sinal digital represente fielmente o original.
A taxa de amostragem define quantas vezes por segundo o sinal é medido e convertido para digital. Na conversão de volta para analógico, a onda é reconstruída e filtrada para ficar suave. A regra chave: metade da taxa é a frequência máxima representável (Nyquist). A 48 kHz, isso dá 24 kHz. Na maioria das produções, 44,1 ou 48 kHz é o padrão. 88,2 ou 96 kHz pode fazer sentido em alguns workflows, mas não garante automaticamente melhor som.
Cada amostra é guardada com uma resolução dinâmica. Quanto maior a profundidade, mais passos de volume são representados. Com pouca profundidade e sinais muito baixos, pode surgir ruído de quantização. Por isso, com 16 bit era comum gravar bem alto. Hoje, 24 bit dá muito mais margem e torna o ganho mais confortável (muitas DAWs trabalham com headroom por volta de -18 dBFS). Algumas soluções usam 32 bit; e muitas DAWs processam internamente em 32-bit float ou 64-bit float.
Além do PCM (por ex. 48 kHz/24 bit), existe o DSD (Direct Stream Digital) no segmento high-end. O DSD usa taxas de amostragem extremamente altas (na ordem dos MHz), mas com apenas 1 bit de resolução. Para controlar ruído e conteúdo ultrassónico, recorre-se a noise shaping e filtros passa-baixo. O formato aparece em SACD e algumas produções de nicho.
Conversores high-end são ideais para estúdios profissionais que não aceitam compromissos. Mais do que o chip, conta a implementação (alimentação, secção analógica, routing e clocking) — e isso explica a diferença de preço face a Audio Interfaces mais económicas. Em setups exigentes, entram em jogo fatores como redundância, protocolos específicos (MADI), routing avançado, sincronização extremamente precisa (Word Clock) e até uma coloração sonora desejada. Ao mesmo tempo, a qualidade das interfaces atuais é tão elevada que, em muitos casos, o conversor já não é o principal gargalo.
AD converte sinais analógicos (microfone/line) em dados digitais para a DAW. DA converte dados digitais em sinal analógico para monitorização e outboard.
Para a maioria dos setups, uma boa Audio Interface é suficiente. Conversores dedicados fazem mais sentido com muitos canais, interfaces específicas (ex.: MADI) ou requisitos audiofilos.
Mais canais ajudam a gravar várias fontes em simultâneo (bateria, live) e a criar rotas complexas com outboard. Aí, um AD/DA multicanal pode expandir a tua Audio Interface.
44,1 ou 48 kHz é o padrão e normalmente o mais eficiente. 96 kHz pode trazer vantagens em alguns casos, mas aumenta CPU e armazenamento.
24 bit oferece grande dinâmica e facilita o ganho (mais headroom e menos risco de ruído de quantização em sinais baixos). É o sweet spot para recording.
Word Clock sincroniza vários dispositivos digitais. Se ligares mais do que um aparelho digitalmente, a sincronização é importante. Com uma única Audio Interface, muitas vezes não é essencial.
Ambos contam, mas a secção analógica (alimentação, filtragem, routing) e um clock estável têm enorme impacto. A mesma família de chips pode soar diferente conforme a implementação.
Para setups pequenos, S/PDIF pode bastar. ADAT é popular para expandir canais (ex.: +8). AES/EBU é robusto em contexto pro. MADI é ideal para muitos canais.
Pode melhorar — mas depende da cadeia completa (microfones, preamps, sala, monitorização). Em muitos casos, um upgrade noutra parte traz mais diferença do que trocar apenas o conversor.
Procura I/O suficiente, interfaces digitais adequadas, drivers estáveis/baixa latência, bons preamps, opções de monitorização e expansão (ex.: ADAT) ajustadas ao teu workflow.